Idosa morreu em incêndio após voltar para pegar objetos em meio a chamas na maior favela sobre palafitas do país
Sandra Sarmento da Silva morreu em incêndio na Zona Noroeste de Santos, SP Reprodução e Abner Reis/TV Tribuna Sandra Sarmento da Silva, de 64 anos, morreu no...

Sandra Sarmento da Silva morreu em incêndio na Zona Noroeste de Santos, SP Reprodução e Abner Reis/TV Tribuna Sandra Sarmento da Silva, de 64 anos, morreu no incêndio que atingiu aproximadamente 100 moradias na Zona Noroeste de Santos, no litoral de São Paulo. A idosa era moradora da comunidade e natural de Santos (SP). O fogo começou no Caminho São Sebastião, por volta das 7h40, e se espalhou rapidamente pela comunidade, que faz parte do complexo do Dique da Vila Gilda, a maior favela sobre palafitas do Brasil. As chamas foram controladas por volta das 9h30. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. O capitão do Corpo de Bombeiros, Thiago Pinheiro Duarte, informou à repórter Yasmin Braga, da TV Tribuna, afiliada da Globo, que Sandra havia sido retirada de casa, mas decidiu voltar para pegar seus pertences, mesmo com o fogo já se espalhando. No fim do combate ao incêndio, durante a fase de rescaldo, os bombeiros encontraram um corpo, que era da moradora. A perícia já foi acionada para fazer os procedimentos no local. Incêndio de grandes proporções atingiu comunidade na Zona Noroeste de Santos Incêndio Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, 46 agentes e quinze viaturas foram mobilizados para combater o incêndio. A operação ocorreu em três frentes de combate, cobrindo uma área de 3 mil m². Devido à dificuldade de acesso à comunidade, as chamas se alastraram rapidamente. Com o apoio dos moradores, as equipes conseguiram controlar o fogo. Em meio a chamas, muitos moradores correram para pegar documentos, móveis e eletrodomésticos, como fogões e geladeiras, das moradias que estão sendo atingidas. Agora, os bombeiros realizam o trabalho de rescaldo, que consiste no resfriamento da área para evitar o reaparecimento das chamas. "Nós não tivemos dificuldade com água, tivemos um apoio grande da Sabesp e as nossas viaturas das cidades vizinhas, que já é um procedimento do Corpo de Bombeiros, não é só bombeiro da cidade de Santos que está aqui atuando. Tem bombeiro de Cubatão, de São Vicente e das cidades vizinhas", apontou Duarte. Apoio aos moradores O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), informou que a cidade já iniciou o cadastramento das famílias que perderam suas moradias no incêndio no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Rádio Clube, localizado na Rua Brigadeiro Faria Lima, 677. "Também (vamos) priorizar as pessoas em termos de abrigamento (checando) a disponibilidade de escolas para abrigo. (Para) as pessoas que não têm familiares e queiram ir para o abrigo", declarou o prefeito, após conversa com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que colocou a Secretaria de Habitação e a Defesa Civil à disposição para apoiar os trabalhos. Rogério Santos destacou a importância do Fundo Social de Solidariedade de Santos como ponto de doações, como roupas, alimentos não perecíveis e água potável. As contribuições podem ser entregues na Avenida Conselheiro Nébias, 388, no bairro Encruzilhada. O Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil Estadual veio a Santos para prestar apoio aos trabalhos e oferecer ajuda humanitária. As equipes vão entregar kits de higiene, de limpeza e cesta básica para atender as famílias na Rua Brigadeiro Faria Lima, 677. Incêndio atinge moradias nas palafitas em Santos, SP Yasmin Braga/g1 Governador de SP Tarcísio de Freitas publicou mensagem de solidariedade após incêndio na Comunidade São Sebastião Redes Sociais Nas redes sociais, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) contou ter começado o dia com as imagens do incêndio e lamentou a morte da idosa. "As palafitas naquela região são um problema histórico e é inadmissível que em um estado como São Paulo as pessoas vivam ainda em condições precárias, sem acesso à moradia digna", afirmou Tarcísio. De acordo com o governador, mais de 50 profissionais do Corpo de Bombeiros trabalhavam no rescaldo do fogo, por volta das 13h30. Tarcísio também afirmou que equipes da Defesa Civil estão no local e mantimentos do Fundo Social estavam a caminho para acolher todos que precisam. O governador informou ter entregue mais de dois mil apartamentos para atender aqueles que moravam em palafitas. Ainda segundo ele, aproximadamente mil unidades foram destinadas às famílias da Vila Gilda. "Seguimos trabalhando em soluções permanentes para esta situação", finalizou. O que são palafitas? As palafitas feitas de estacas de madeira utilizadas para sustentar moradias construídas sobre a água. A maioria das habitações do aglomerado foram feitas do mesmo material, o que oferece os seguintes riscos aos moradores: Incêndio Maré: A instabilidade causada pela maré alta do rio causa avarias nas moradias. O mesmo fator também atrapalha a locomoção dos munícipes, já que as ruas são ligadas por tábuas de madeira e outros materiais improvisados. Fogo: Infelizmente, os incêndios também são ocorrências comuns no dique. O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 apontou que 3,5 mil famílias vivem no Dique da Vila Gilda, localizado às margens do Rio dos Bugres, na Zona Noroeste da cidade. Moradores atuam no combate a incêndio em comunidade de Santos, SP Mapa da área afetada pelo incêndio na comunidade Caminho São Sebastião Arte g1 Parque Palafitas O projeto-piloto do Parque Palafitas prevê a construção de 60 unidades habitacionais no Dique da Vila Gilda. Elas têm como objetivo estabelecer uma nova forma de ocupação nas áreas de mangues, promovendo o bem-estar dos moradores e a recuperação ambiental. A execução do projeto foi possível graças à cessão, pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU), do Governo Federal, de uma área localizada no Dique da Vila Gilda à Prefeitura de Santos, em janeiro deste ano. Ao todo, serão seis conjuntos habitacionais - quatro de apartamentos, totalizando 44 unidades, e dois de casas, cada um com oito residências térreas. Também haverá a construção de dois prédios comerciais e um edifício para associação de moradores. As habitações terão piso e paredes de painéis de madeira laminada, para preservar a comunidade local. Serão removidas apenas as habitações mais vulneráveis junto à água para permitir a regeneração do mangue e criar espaços de lazer, chamados de respiros. Segundo a prefeitura, o Parque contará com iluminação pública e saneamento básico. Os prédios comerciais e institucionais terão energia solar, e haverá espaços para lazer e comércio, além de equipamentos públicos e áreas para regeneração do mangue. União cede área no Dique da Vila Gilda a Santos para projeto Parque Palafitas Divulgação/Prefeitura de Santos VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos